Através do desprezo ao Atlético, indústrias locais demonstram desprezo à nossa cultura
Foto: Walmir Cirne/Agif/Folhapress

Através do desprezo ao Atlético, indústrias locais demonstram desprezo à nossa cultura

O Atlético de Alagoinhas vive seu melhor momento em toda a história. Contra tudo e contra todos, a dupla Albino e Matos conseguiu levar o Carcará ao seu primeiro título estadual, garantindo vaga na Serie D desse ano, na Copa do Brasil e no Nordestão do ano que vem. A presença do Atlético na Copa do Nordeste, inclusive, é outro feito inédito conquistado pelo clube.

O clima deveria ser de entusiamo com a proximidade da disputa da quarta divisão, possibilidade que o Atlético tem de atingir novos patamares no cenário nacional, como fez a Jacuipense. Mas não é, infelizmente. Hoje a diretoria atleticana se vê obrigada a adotar um discurso de sensatez e pés no chão, praticamente abrindo mão das chances de disputa na competição nacional, devido às condições financeiras do Atlético.

Mas por que um clube de uma cidade (Riachão do Jacuípe) de pouco mais de 30 mil habitantes e que fica mais distante da capital do que nós consegue se manter na Serie C e o atlético sequer tem condições de disputar a Serie D? A resposta é simples: dinheiro. Presidida por Gegê Magalhães, empresário do ramo do entretenimento, a Jacuipense é um empreendimento do grupo Salvador Produções, do qual Gegê é sócio. O clube se estabeleceu como um celeiro de atletas e tem jogadores emprestados a vários clubes de expressão nacional.

Pelo segundo ano, a Jacuipense disputará a Serie C, depois de ter defendido com tranquilidade sua permanência em 2020, terminando em 11º lugar. A qualquer momento, a Jacuipense negociará um dos atletas que lhe pertence, garantindo lucro ao grupo que lhe administra e novos investimentos para o futebol do clube. Mas para chegar nesse ponto, uma palavra foi fundamental lá no início: investimento.

O Atlético é diferente. Não é um time possuído por empresários. Não há grupo injetando capital no clube, pois ele não é um empreendimento, uma fonte de lucros. Mas o Carcará é mais que isso, é uma tradição municipal. O Atlético é um símbolo do orgulho que temos da nossa cidade. E está abandonado. É inegável o esforço do prefeito em ajudar o clube, assim como é inegável o apoio do empresariado local, que contribui como pode, mas isso está longe de ser suficiente. As indústrias da cidade, ao não fazerem sua parte, estão em débito com o time e com a população.

Estas indústrias, que vem até a cidade em busca dos subsídios e, no caso das cervejarias, de nossa água de qualidade reconhecida mundialmente, têm o dever de retribuir o privilégio de estar em nossas terras, explorando os nossos recursos. Elas têm a obrigação de exercer sua função social. E qual seria melhor maneira de fazer isso que apoiar o clube que é amado por praticamente todos na cidade? Por que nem sequer se discute um patrocínio master?

A Itaipava, por exemplo, patrocina o futebol da Globo, transmitido para todo o país, enquanto apoiou o Atlético de forma modesta e, mesmo assim, só nas finais. A ISM, através da Goob, tem um contrato de cinco mil reais mensais com o clube. Alô, produção,é isso mesmo? Cinco mil reais para ter visibilidade numa final estadual? Para estampar sua marca no campeão baiano?

Se em outros momentos o Carcará não trazia uma visibilidade compensatória ao investimento, qual a justificativa agora? Somos campeões estaduais e estamos classificados para as principais competições do futebol nacional. A população nunca esteve tão orgulhosa. Novamente, o que justifica? A nossa cidade não é importante para essas indústrias? É indiferente para elas se sua imagem está ou não bem representada na vitrine de Alagoinhas?

A dupla Albino e Matos já mostrou competência para obter os resultados em campo com poucos recursos. Agora faltam os investimentos para consolidar o atlético como uma força no futebol do estado. Fica o apelo a essas indústrias, forasteiras que tão bem acolhemos, que tratem o Atlético com respeito, porque ele nos representa.

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